Filomena Marta

Filomena Marta

Adopte dois amigos!

Adoptar é um acto de amor e um dos actos mais generosos que pode ter. Principalmente quando falamos de animais que nunca tiveram um lar ou que foram abandonados… pelas mais diversas e ridículas desculpas.

Antes de adoptar deve ponderar tudo o que isso implica: a responsabilidade que é termos uma vida nas nossas mãos, as despesas que vamos ter mensalmente e a consciência de que, tal como nós, humanos, os outros animais também podem adoecer… e todos envelhecemos!

Adoptar um animal “especial” é ainda de maior generosidade. Um gato ou cão idosos, ou com condições de saúde mais frágeis, o um animal que precisa de medicação crónica, ou que não tem uma pata, ou um olho, ou é cego…

Geralmente as pessoas não imaginam até que ponto estes animais ficam gratos por ter um lar. Acredite que vai surpreender-se!

Bebé ou adulto?

O bebé amoroso e delicioso que hoje vai adoptar vai tornar-se um animal velhote… muito mais depressa do que uma pessoa. Recorde sempre que a esperança de vida de um Animal é mais curta do que a de um Ser Humano.

Pensar que vai adoptar um animal bebé para ele crescer com o seu bebé humano é uma ilusão. Um gato torna-se adulto no espaço de um ano. Portanto, se o seu bebé humano tem 5 anos e adoptar um bebé gato de 4 meses… quando o seu bebé tiver 6 anos o gato será adulto.

Deve também ponderar que um bebé gato ou cão é como uma criança humana. Faz tropelias, disparates e tem uma energia própria de um ser infantil. Está preparado para ter um gatinho a trepar por todo o lado ou um cachorro a fazer xixi no chão, onde calhar, e roer tudo o que puder encontrar? Porque vai ter mesmo de passar por essa fase até o pequeno animal se tornar um adulto mais tranquilo.

Simultaneamente, um bebé é uma caixinha de surpresas. Um gato só tem a personalidade definida após os sete meses de idade. Um cão pode demorar um ou dois anos até que isso aconteça.

A melhor experiência de adopção para quem nunca teve animais é, sem sombra de dúvida, um animal adulto tranquilo.

Adoptar um ou dois animais?

Principalmente quem nunca teve animais tem a tendência para querer adoptar apenas um animal e até ficar um pouco assustado quando se aconselha a que adopte dois cães ou dois gatos.

É verdade que os animais dão despesa, são uma responsabilidade incontornável e para toda a vida (do animal, que é inevitavelmente mais curta do que a dos humanos) e que devem ser bem alimentados e bem tratados, com respeito e carinho.

A boa alimentação é um seguro de saúde para o futuro. Tudo o que poupar em alimentação, dando comida barata e de má qualidade, vai ser um reflexo negativo no futuro, com animais mais frágeis e com tendência a adoecer mais facilmente. Eles são como nós: bem alimentados são saudáveis. Creia que fica muito mais barato dar uma boa alimentação do que gastar centenas de euros em veterinário para tratar um animal que foi mal cuidado.

Há também a responsabilidade de zelar para que sejam cuidados nas alturas de férias ou de ausências prolongadas, algo que um familiar ou amigo pode fazer, mas já há muitos serviços especializados em hospedagem de animais. Tenha sempre muito cuidado na hora de escolher hotéis para animais, visite sempre as instalações, procure avaliações e comentários às instalações e serviços prestados e lembre-se de contabilizar sempre no seu orçamento de férias as férias do seu animal, cão ou gato.

Mas não é mais caro ter dois animais?

Claro que é ligeiramente mais caro, mas apenas ligeiramente!

No caso dos gatos, uma caixa de areia dá para os dois (embora o ideal seja duas caixas), precisa de um bebedouro grande, dois comedores. A despesa mais flagrante mensal é na alimentação, mas como diz o povo “onde come um, comem dois”, e obviamente vai depender do porte dos animais. Nos gatos e cães pequenos é bastante pacífico, em cães de porte grande claro que se nota a diferença.

Há também as vacinas e as desparasitações, que podem ser desfasadas no tempo, tratando cada animal num mês diferente.

A esterilização é só uma vez na vida do animal, e também podem ser esterilizados um de cada vez… embora o ideal seja juntar dinheiro e tratar dos dois ao mesmo tempo, pois assim faz logo os dois pós-operatórios de uma vez só.

Quando adoptamos e o animal já tiver atingido a idade da esterilização, as associações e os protectores entregam os animais já esterilizados… uma vantagem de adoptar animais mais velhos.

Portanto, a questão da despesa não é assim tão dramática. No caso dos cães, é a alimentação, as vacinas (anuais) e as desparasitações (semestrais). Nas esterilizações, tanto em cães como em gatos, fica mais caro nas fêmeas e mais barato nos machos, pois é uma operação mais simples e rápida.

No caso dos gatos, um animal que não saia de casa, após dois a três anos de vacinação seguida, não precisa de ser vacinado anualmente. Falando com o veterinário, pode optar-se por vacinação de dois em dois, ou de três em três anos. Também tem as desparasitações semestrais (embora geralmente os veterinários peçam trimestrais, o que para um gato que foi correctamente desparasitado em criança, não tem acesso à rua e não come alimentos crus, desparasitar duas vezes por ano é pacífico). Lembre-se que, mesmo sendo cara, a esterilização é uma única vez na vida e tem os maiores benefícios em termos de saúde e comportamentais que possa imaginar (veja o artigo sobre a importância da esterilização).

Um acto de generosidade e amor!

A generosidade e amor de adoptar dois animais é que faz toda a diferença. Nós temos o nosso trabalho, a escola, a família e os amigos… o nosso amigo de estimação só nos tem a nós e pode passar um dia inteiro sozinho. A solidão não é boa para ninguém, para nenhuma espécie. Além da alegria de o seu animal poder ter um companheiro da mesma espécie, com quem pode brincar e dormir.

Pessoas sensíveis que adoptam só um animal, rapidamente se apercebem que querem dar-lhe uma companhia, para que não passe muito tempo sozinho. Nestes casos, há o tempo necessário para que os dois animais travem conhecimento e dividam território, já estabelecido pelo animal residente, o que pode significar duas semanas de instabilidade. O animal da casa pode ficar amuado com a entrada do novo elemento no seu território, e os gatos podem andar a esconder-se e a bufar antes de tudo tranquilizar e fazerem amizade. Isto é obviamente evitável se forem adoptados desde o início dois animais que já se conheçam e sejam amigos: dois irmãos, mãe e filho ou dois gatos ou cães que já convivam e sejam amigos.

No caso de animais pequenos, ainda há a vantagem acrescida de se entreterem juntos e haver menos probabilidades de fazerem tropelias em casa e estragarem coisas.

Quando adoptar, pense também na futura felicidade do seu animal de estimação… dê-lhe uma companhia. Ele fica feliz e o dono fica tranquilo porque sabe que ele não está sempre sozinho na sua ausência, e que pode ir jantar tranquilamente com os amigos ou família, sabendo que o seu amigo peludo está acompanhado.

Lembre-se que todos temos um coração para amar… mas duas mãos para acarinhar.

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